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Da autora: Veja outros artigos em Ela veio aqui por acidente. Precisava urgentemente tirar fotos para alguns documentos importantes, mas todos os estúdios fotográficos do centro já estavam fechados. Ela se lembrou de ter visto um pequeno estúdio fotográfico perto de casa, espremido entre uma joalheria reluzente e algum restaurante elegante. O dono do estúdio era um velho animado que lhe fez muitos elogios, fez alguma coisa com a luz, ordenou que ela olhasse nas lentes, acendeu um flash e disse-lhe que viesse amanhã para tirar fotos. As fotos ficaram boas. Pelas fotos, uma beldade de olhos cinzentos olhava para ela, sabendo o que queria da vida, capaz de traçar metas e alcançá-las, irradiando confiança em si mesma e em sua beleza. Penteado perfeito, maquiagem discreta, acessórios selecionados com bom gosto. Fotos perfeitas da mulher perfeita. Deixando as fotos de lado, ela percebeu que havia mais alguma coisa no envelope. Acontece que esta era a fotografia de uma mulher desconhecida. A beldade olhou com desprezo para a foto do estranho: cabelos de cor indistinta, presos em rabo de cavalo, orelhas salientes, óculos grossos de aros de chifre, sorriso tenso. Os ombros caíram sob o peso de um peso invisível. Gola alta cor de rato. E o olhar é tão assustado, assombrado, perdido. “É bom que eu não seja assim”, pensou a bela com alegria. Mas virando a foto, ela ficou surpresa ao ver seu sobrenome e a data da filmagem. "Isso é um erro. Precisamos devolver a foto”, decidiu ela. “Viemos devolver a foto”, disse o velho assim que a viu. “Você acha que eu confundi os envelopes?” – ele perguntou ofendido. “Você não é a primeira pessoa a trazer fotos, pensando que estou completamente maluco e não consigo colocar as fotos em envelopes corretamente. Mas tenho que decepcioná-la, minha querida, todas as fotografias do envelope são suas.” E antecipando a pergunta indignada da bela, disse: “Agora vou explicar tudo para você. Esta câmera”, o velho apontou com a mão para o estúdio, “eu ganhei do meu avô. Ele ainda tira fotos excelentes, como você viu pessoalmente nas suas primeiras fotos. Mas tem uma peculiaridade: quando eu revelo o filme, uma das fotografias... como posso explicar para vocês... em geral, é diferente das outras. Ela é como uma negativa. E, pelo que entendi, mostra uma negatividade que a pessoa não quer ver em si mesma. A pessoa não quer, mas a foto mostra. Bom, quem gosta dessa foto ainda quer ficar linda”, aqui o velho suspirou cansado. “Então eles vêm até mim dizendo: não precisamos dessa fotografia, tire, é de outra pessoa.” Eu ficaria feliz em aceitar, mas não posso. Sem ele, outras fotografias boas não existirão. Afinal, o bem é uma continuação do mal.” O velho ficou em silêncio. A mulher suspirou, colocou o envelope de volta na bolsa e foi em direção à porta. Por hábito, ela olhou para seu reflexo no espelho. E notei... orelhas salientes. Ou ela imaginou isso? Cada um de nós tem uma Sombra – algo que não queremos aceitar e reconhecer em nós mesmos. Às vezes temos tanto medo disso que começamos a viver de tal maneira que ninguém (e antes de tudo nós mesmos) percebe a Víbora interior nas nossas costas. E ela constantemente se lembra de si mesma: chefes “maus”, maridos fracassados, filhos doentes, vizinhos com música alta, suas próprias doenças, motoristas grosseiros, funcionários sem alma que incorporam todas aquelas características que tão cuidadosamente escondemos de nós mesmos. A sombra nos lembra de nós mesmos e dela fugimos sem olhar para trás, apenas para não ver, para não saber, para não encontrar. Corremos, mas ela não fica para trás, nos alcança, pisa em nossos calcanhares (isso é compreensível - Shadow, para onde ela pode ir). E nos esforçamos ainda mais para “nos tornar alguém”, alcançar o sucesso, lutar por status, apenas para nos proteger, para nos garantir. Para evitar até mesmo a sugestão de que podemos ser cruéis, assustados, indiferentes, repulsivos, feios, fracos, sem saber a resposta, indefesos, com dor, desdenhosos, gananciosos, estúpidos, envergonhados. É impossível escapar da Sombra. Você só pode recorrer a Ela por um tempo.