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Psicóloga Irina Solovyova para a revista “Nossa Psicologia” Diretor Jos Stelling, 2012 O filme se passa em dois períodos de tempo: o idoso Nikolai, médico soviético (Sergei Makovetsky), chega à Europa do pós-guerra e encontra uma casa abandonada. Lá ele relembra os acontecimentos de sua juventude. Ainda estudante, passou a noite nesta casa - um hotel, essencialmente um bordel (Leonid Bichevin fez o papel do jovem Nikolai). O proprietário é um velho cruel que mantém sua jovem Eliza (Sylvia Hoeks) em uma “gaiola de ouro”. Um sentimento forte e brilhante surge entre Eliza e Nikolai, mas eles não podem ficar juntos - Nikolai não tem a oportunidade de pagar. saldar a “dívida” de Eliza, que supostamente cresce a cada dia. O relacionamento deles dura vários anos, mas todas as tentativas de Eliza e Nikolai de libertá-la do cativeiro fracassam. Eliza está gravemente doente, desaparece todos os meses, mas faz um sacrifício - preocupando-se com o futuro de Nikolai, recusa-se a comunicar com ele. Por entendê-la mal, o jovem fica ofendido. Voltando para se vingar, ele ganha toda a sua fortuna na contagem nas cartas, inclusive sua casa juramentada, mas... insulta a garota e a rejeita. Até o último minuto, ela acredita que Nikolai retornará para ela, mantendo seu voto de amor eterno, e morre sozinho em uma casa vazia. E muitos anos depois, Nikolai descobre por uma amiga em comum (Svetlana Svetlichnaya) que Eliza não o traiu. e realmente o amava. Ele retorna àquela casa para ali morrer, unindo-se simbolicamente à sua amada... Este é o conteúdo agitado do filme: mais uma bela e trágica história de amor nas telonas. Mas o filme de Stelling contém um conteúdo psicológico mais profundo do que parece - vemos o mecanismo do trauma em ação. E a retraumatização – a reprodução automática do trauma, que é provocada pela própria vítima. A chave para a compreensão dessa tragédia é a história de infância de Eliza, contada a Nikolai por sua amiga e protetora (Renata Litvinova). A menina foi espancada e estuprada pelo pai, depois ele matou a mãe e foi para a prisão. Em outra família, a órfã foi novamente abusada sexualmente, depois viu-se mantida pelo conde. E então as circunstâncias de sua infância foram novamente reproduzidas: ela escolheu uma figura paterna simbólica de quem depende e é submetida à violência física e sexual (o). conde, por ciúme, bate na menina com uma advertência paternal: “Desejo o melhor para você”) Parece que o trauma infantil da violência permanece na infância, mas não: ele atravessa o tempo e afeta a vida adulta. Quais são suas características e por que isso acontece? O trauma infantil causado pela violência tende a ser automaticamente reproduzido: posteriormente a vítima se coloca em circunstâncias semelhantes e até provoca outros à violência. Paradoxo: Eliza procura um “bom pai” para um relacionamento, um homem que cuide dela, suprindo o déficit infantil. No filme, vemos uma cena comovente em que Nikolai embala Eliza e canta uma canção de ninar russa. Mas ao mesmo tempo ela encontra um “pai mau” semelhante ao seu verdadeiro (o Conde), ou provoca um homem a tratá-la mal (Nicholas). Inicialmente, o jovem a trata com respeito, mesmo sabendo que “ela é uma mulher caída e custa dinheiro, e muito dinheiro”. É Eliza quem provoca o comportamento abusivo de seu amante. Por que a própria vítima repete o trauma? Ela não tem outro cenário de relacionamento. Imagine um ator que conhece apenas um papel: ele vai interpretá-lo no palco repetidas vezes, não há outro repertório. Uma criança que sofreu violência de um “mau pai” na infância, na idade adulta busca um “bom pai” como pai. “objeto bom”, mas acaba se relacionando com um “objeto ruim”. Portanto, o perigo do trauma reside não apenas nas suas consequências diretas (espancamentos, distúrbios psicossomáticos, distúrbios do sono, etc.), mas também no fato de a vítima repetir inconscientemente o trauma. Isso é chamado de “retraumatização” – trauma repetido. Uma sobrevivente do trauma da violência, especialmente na infância, precisa de ajuda externa.